Te convido a voltar uns bons anos e fazer uma análise de quem você foi, de quem é, como foi seu percurso até aqui.
Eu não aprendi a seguir meus instintos. Ninguém me disse para escutar meu coração, minha intuição quando eu era criança. Eu mesma nunca fiz isso com meus filhos. No mundo em que vivemos todos são especialistas em você, menos você! Se eu quero comer bem vou no nutricionista. Se quero me exercitar contrato um personal. Se quero dormir melhor vou no médico, se quero qualquer coisa eu vou buscar fora. Porque isso? Pelo amor de Deus, não estou dizendo que não precisamos desses especialistas. Claro que sim, mas eu deveria buscar um profissional para me orientar em como fazer, e não o que fazer. Nossa sociedade nos treina para não olhar pra dentro. Um exemplo: quando você é pequeno você não sente frio. Mas dizem o que pra você? Põe uma blusa que está frio! Você não está com frio, mas vai colocar a blusa mesmo assim. Você não está com fome, mas logo vem a frase: “Hora de comer”. Ou você está com muita fome e escuta, “não é hora de comer”. Somos treinados a não escutar nossas necessidades. Diversos comandos te foram ensinados, senta direito, não fala isso, fala baixo, para quieto, não pode essa roupa, agora não é hora, mas tem que fazer… eu passaria horas aqui elencando frases que ouvimos quando éramos crianças.
A gente nasce pura potência, e aos poucos o mundo vai te minando: Não pode, não faz isso, isso não dá dinheiro, precisa estudar pra ser alguém na vida e por aí vai. E aos poucos, a gente vai deixando de acreditar, de perceber, de escutar. Pensamos que crescemos, “Ah, aquilo era coisa de criança”. Isso não é verdade. Deixar de ser criança é entender as responsabilidades. É saber que nem sempre podemos fazer o que queremos naquele momento, mas que assim que puder nós vamos fazer. A criança não consegue perceber as consequências dos atos, ela apenas sente vontades, os adultos já conseguem perceber e podem fazer suas escolhas baseado nos seus desejos versus as possibilidades. Ás vezes, quando criança a pessoa queria ser fada, por exemplo. O Adulto sabe que não existe faculdade de fada. Mas isso não significa que era coisa de criança, porque a representação do que é uma fada para aquela criança vai encontrar uma correspondência no adulto.
Mas, de tanto receber a interferência da vontade e da opinião do outro, aos poucos eu vou deixando de acreditar nas minhas percepções da vida. Eu não sei mais quando está frio, ou calor. Eu não como quando eu tenho fome, e como demais quando não tenho. Não sei mais perceber quando estou satisfeito. Vou procurar uma profissão que seja “certeira”, que vai me trazer cada vez mais em cada vez menos tempo. Começo a buscar a solução dos meus incômodos fora de mim.
De repente, ao longo de meus tantos anos de vida, com uma carreira, uma família, filhos ou a falta deles, eu me percebo vazia. Eu tenho tantas conquistas, tantos títulos, falo línguas, sou amada, mas alguma coisa está errada, porque me sinto impotente, triste, desanimada.
Estou acima do peso, tenho alguma dificuldade para dormir, uma dor na cervical que não passa com nada. Vou no médico ele me diz que eu tenho que relaxar, que estou estressada. Que eu preciso parar de me preocupar tanto. Me dá um remédio pra dormir, diz que eu preciso me alimentar melhor e fazer exercícios. Mas ele não me explica como fazer isso. E eu, não sei fazer sozinha. Resolvo dar um google em como ter uma vida saudável e ele me responde: 8 passoas para uma vida saudável: durma 8 horas por noite, se exercite, se alimente bem, trabalhe com o que você gosta, beba água… então, mas como eu faço isso?
Começo a buscar ajuda. Leio livros, converso com pessoas que demonstram plenitude. Compro alguns cursos, me matriculo na academia. Não finalizo os livros, as pessoas me irritam, não concluo nenhum curso e só fui uma vez na academia, quando me matriculei. Alguém aqui se identifica com isso???
A verdade é que não sabemos quem somos. Não lembramos do que gostamos. Não nos damos o direito de sermos amados por nós mesmos. Perdemos o mapa do caminho de nós mesmos.
E como encontrar o caminho de volta para dentro? Não é fácil, não é agradável nem tem jeito certo. Cada um vai achar uma maneira. Alguns na religião, outros em livros de autoajuda, outros em terapias, convencionais ou alternativas. Existem muitas maneiras de olharmos para nós mesmos. Mas eu acredito que o primeiro passo é aceitar que é seguro ser você.
Uma vez, uma terapeuta me disse “é seguro ser você”. Eu passei muito tempo com essa frase ecoando em mim. E desde então, além de me sentir muito mais pertencente ao meu lugar de pessoa, eu repito isso para muitas pessoas.
A maioria de nós tem medo de ser quem somos. Temos medo de perder algo, caso sejamos autênticos. Mas, quanto mais tempo passarmos negando nossa essência, mais doenças vamos ter. As físicas, as mentais, as emocionais.
O convite nesse momento é, silencie! Se deixe apenas ser. Perceba o que tem aí dentro. Questione se você precisa mesmo de tudo o que você faz, de tudo o que você tem. Se pergunte se você se sente segura para dizer “eu não quero” ir em tal lugar, ou fazer tal coisa. Dizer não te traz desconforto? Questione-se, porque eu não sei falar não. Observe o que você não gosta em você, na sua vida.
Demos a permissão para outras pessoas escreverem nosso script de vida. E se outra pessoa escolheu qual o papel que você vai representar nessa vida, você tem pouco, ou nada a fazer para mudar. Você perde o poder de escolha. O outro decide. O outro não me faz feliz. O outro me irrita. O outro me adoece. Mas sobre o outro eu não tenho controle. Eu não mudo ninguém. Com muito esforço eu consigo fazer mudanças em mim. Mas para mudar o que me incomoda eu preciso conhecer a causa, a raiz. Não podemos deixar que outra pessoa decida o rumo da nossa vida. Seria um grande desperdício de tempo e oportunidade vir para esse mundão e não ser livre para ser quem você veio ser.
O autoconhecimento é a chave para sua LIBERDADE.